Osteopatia

"A osteopatia é a terapêutica que tem como objetivo diagnosticar diferencialmente, tratar e prevenir distúrbios neuro-músculo-esqueléticos e outras alterações relacionadas, utilizando uma variedade de técnicas manuais e outras afins necessárias ao bom desempenho osteopático para melhorar funções fisiológicas e ou a regulação da homeostase que pode estar alterada por disfunções somáticas, neuro-músculo-esqueléticas e elementos vasculares, linfáticos e neuronais relacionados." (Portaria 207-B de 2014)

A osteopatia é um método terapêutico que se sustenta na biomecânica do organismo e no princípio de que o corpo funciona holisticamente e globalmente como uma unidade composta, que contém diversas estruturas móveis, tais como: músculos, articulações, órgãos, vísceras, circulação sanguínea e linfática, respiração, etc. O surgimento do bloqueio ou disfunção numa destas estruturas irá desiquilibrar o sistema que o compões e alterar o bem-estar global do indivíduo. O osteopata procurar desbloquear e tratar a disfunção através de técnicas manuais que permitem restaurar o equilíbrio do corpo, que posteriormente ecoa a nível estrutural, funcional e global.  A abordagem osteopática heterogênea com intervenção desde o recém-nascido ao idoso.

O que é a Osteopatia?

A medicina osteopática nasce do médico americano Andrew Still, que após anos de estudo e pesquisa, identificou a inter-relação entre o sistema músculo-esquelético e o resto do corpo. O Dr. Still defendia que o bom equilíbrio das estruturas ósseas, isto é, a ausência dos bloqueios é crucial para evitar a eclosão de disfunções e doenças. É neste contexto que surge a para osteopatia - osteo (significa em grego osso), - patia (grego pathos significa doença.

  • A estrutura governa a função

O ser humano só terá saúde quando as estrutura, tecidos e sistema do corpo estiverem em harmonia, quando isso não acontece surge os sintomas e patologias. Existe uma interdependência entre a estrutura e a função.

  • A unidade do corpo

No corpo humano tudo está interligado e interatuando. Sendo assim, cada osso, víscera ou músculo que apresentar mutação irá gerar repercussões em vários outros sistemas. Partindo desse princípio, a visão e o raciocínio osteopático consideram que o corpo é um só.

  • A autocura

"O organismo humano é a farmácia de Deus." (Dr. Still) "O poder curativo que todos temos dentro de nós é o maior poder que temos para nos sentirmos bem...as tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que cuidarão das tuas doenças" (Hipocrátes - pai da medicina moderna). A osteopatia respeita a capacidade da autorregulação do corpo, chamada homeostase e controle da alostase. Sobre a disfunção ou bloqueio que o osteopata encontra no doente, o Dr. Still afirma: "Encontra-a. Corrija-a e deixa o corpo agir."

  • A lei da artéria

O sangue transporta oxigénio, vitaminas e todos os nutrientes necessários ao funcionamento saudável dos tecidos. Assim sendo, quando surge um bloqueio, a circulação sanguínea local e periférica fica alterada e comprometida, provocando lesão celular e tecidular; que consequentemente promove o surgimento da doença. É neste pensamento que surge a lei da artéria - o sangue deve chegar a todos os tecidos e o osteopata deve promover essa circulação. Na hora em que isso acontece, erga-se a saúde no doente.

Os 4 pilares da Osteopatia:

Como surgiu a Osteopatia?

A osteopatia no seu início e no decorrer da história não teve uma 'rosa sem espinhos'! O cepticismo, a relutância e até mesmo refutação, foram dificuldades que acompanharam esta nova visão terapêutica. Todavia, uma 'boa arvore conhece-se pelos seus bons frutos', assim a osteopatia brilha e põe em evidencia.

Na Virginia, numa localidade chamada Jonesvilla, a 6 de Agosto de 1828, o médico Abranham Still e a sua esposa Martha Moore felicitam-se pelo nascimento de um menino que irá revolucionar a medicina da época - Andrew Taylor Still - o fundador da Osteopatia. Este menino cresce num ambiente profundamente religioso, onde desenvolve uma forte crença em Deus, como o Criador perfeito de todas as coisas. Esta criança desenvolve a convicção da perfeição do corpo humano, em que este seria perfeito como o seu Criador, contendo dentro de si mesmo meios necessários para auto curar-se de potenciais enfermidades. Enquanto adolescente, portava constantemente dores de cabeça de causa desconhecida. Certo dia, durante uma forte crise cefálica, Still dirige-se ao baloiço que seu pai tinha colocado numa arvore e retira-lhe o assento; de seguida, deitou-se no chão com a nuca apoiada na corda que sustentava o assento. A dor começou a diminuir e a criança adormeceu. Esta atitude inata e inocente provocou ausência total  do sintoma. Como se sentia melhor, Still recorreu múltiplas vezes a este método para aliviar as suas dores de cabeça. Este episódio ficou na memória e irá contribuir para o pensamento filosófico sobre a participação do sistema nervoso na mecânica corporal. Enquanto jovem, A. T. Still é caraterizado como racionalista e curioso, procurando estudar anatomia e fisiologia dos animais que caçava. Apesar de admirar a saúde dos animais, Still ingressa na engenharia e estuda durante cinco anos esta área que o tornou inventor de várias máquinas agrícolas. Em 1849 casa-se com Niary M. Vauge e constitui família tendo dois filhos biológicos e um adoptivo. Durante as décadas de 1850-60, Still matricula-se na Universidade de Medicina em Kansas City, no Colégio dos Médicos e Cirurgiões (Missouri), licenciando-se em Medicina. A 12 de Abril de 1861, surge um dos conflitos mais impactantes dos Estados Unidos: a Guerra Civil Americana, também conhecido pela Guerra de Secessão, que lutará contra a escravidão dos negros. O médico Andrew Still e o seu pai Abraham Still apoiavam fortemente a abolição da escravatura, com uma determinada força, que temeram pela sua segurança em Missouri - região que apoiava a escravatura negra. A força da insegurança, leva Still e a sua família mudar-se para Kansas, e refugia-se numa comunidade indígena chamada Shawnee. Esta região lutava contra o servilismo e tinha uma milicia própria. O doutor Still entra para esta milicia como médico-cirurgião, obtendo o grau de Major, durante a guerra. Terá sido nesta época, devido ao apoio dos mercenários europeus, que ouve falar dos "Bone Setters" - uma prática manipulativa bastante usada na Inglaterra e noutras regiões da Europa, no século XIX.

Durante a guerra, o médico Still revolta-se contra a impotência terapêutica no socorro dos feridos de guerra. Naquela época a medicina formava profissionais com poucos conhecimentos patológicos e meios de diagnóstico. As terapêuticas adoptadas eram ineficazes, e até mesmo nocivas para os doentes provocando-lhes a morte. Os medicamentos usados tinham como base laxantes, purgantes, cloreto de mercúrio, sangramentos, narcóticos e álcool. Os efeitos adversos eram terríveis provocando desidratação, alcoolismo, dependência de drogas, perdes de consciência e até mesmo envenenamento. Conhecida como «Era da Medicina Heroica» os tratamentos eram tantas vezes mais perigosos do que a própria doença. O século XIX foi muito fustigada por epidemias de febre tifoide, tuberculose, gripe, malária, sarampo, febre amarela, meningite e outras doenças infeccionas que espalhavam-se descontroladamente e á velocidade da luz.

Em 1865, no findar da guerra, Still enfrenta a maior crise da sua vida pessoal e familiar: a sua primeira esposa morre devido a complicações durante o parto do seu quinto filho, e uma epidemia de meningite cérebro-espinhal dizima vários dos seus doentes, incluindo os seus dois filhos biológicos e o seu filho adotivo. Porém, a noite escura da sua vida não termina aqui; pouco tempo depois uma pneumonia atinge o seu filho mais novo tirando a vida. Este trágicos acontecimentos e a incapacidade dos tratamentos adquiridos enquanto médico, provoca uma grande conturbação e clarividente dos seus limites de ação, levando á rutura definitiva dos conceitos e terapêuticas da medicina alopática. Inicia uma buscar sagaz no conhecimento e procura uma nova medicina fundamentada nas leis naturais. Nos longos anos posteriores (1864-74) Still fomenta uma profunda investigação do corpo humano e na dissecação de corpos. Desenvolve a sensibilidade tátil ao mais ínfimo das estruturas anatómicas mais profundas.

Em 1874, o médico Still acolhe no seu consultório uma criança que sofria de desinteria hemorrágica e, pela primeira vez, coloca em prática as suas pesquisas e rompe com as bases médicas adquiridas no passado. Ao analisar a criança e o seu abdómen, sente uma alteração térmica acentuada (frio) e na região torácica inferior uma hipertermia elevada (quente). No seu raciocínio, Still compreendeu que os espasmos musculares torácicos estavam intimamente relacionados com o mau funcionamento intestinal. O tratamento que aplicou, foi somente manual e assentou na mobilização das estruturas. No dia seguinte, a mãe da criança informa o médico do seu sucesso, pois o seu filho estava curado. Este episódio, provoca uma rutura com os pensamentos da medicina ortodoxa da época e, a 22 de junho de 1874, Still funde uma nova medicina, elevando a bandeira da Osteopatia e estabelecendo as quatro leis fundamentais. Assim surgiu a Osteopatia. Nos anos seguintes, surge controvérsias, desacordos e até mesmo acusações de esoterismo por parte da comunidade médica alopática, contudo os resultados osteopáticos de Still, serão a sua defesa. Ele edifica a sua primeira escola, onde coloca pela primeira vez na história, uma mulher a estudar medicina. A procura tanto de doentes como de estudantes aumentar abruptamente e a Osteopatia se consolida primeiramente nos Estados Unidos e depois na Inglaterra com um dos seus alunos o Dr. John Martin Littlejohn, onde irá criar a primeira escola osteopática da Europa - British School of Osteopathy. Em Portugal a Osteopatia começa a ser ensinada em 1981 e regulamentada em 2003. Atualmente, esta digna e respeitosa profissão, tanto amada por mim (Dr. Pedro Maciel), é lecionada nas universidades e constatada ininterruptamente com estudos científicos.

1º Turma de Osteopatia - Escola do Dr. Sill

1º Turma de Osteopatia - Escola do Dr. Sill

Still a estudar na companhia da sua esposa

Dr. Andrew Taylor Still fundador da Osteopatia

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